...dando todas as vantagens físicas à fera, para que seja vencida apenas pela inteligência, sem traição...
...dando todas as vantagens físicas à fera, para que seja vencida apenas pela inteligência, sem traição...
A nocturna de 2 de Julho constitui, à partida, um acontecimento para a história do toureio por nela se encontrarem dois dos nomes que melhor representam o estilo clássico de lidar a cavalo e a magia de lidar a pé, respectivamente António Ribeiro Telles e José António Morante de la Puebla. Para rematar este cartel de máximas figuras, estão o quase centenário Grupo de Forcados Amadores de Santarém, e a prestigiada ganadaria Ortigão Costa.
Fotos burladero.com e antonioribeirotelles.com
António Ribeiro Telles representa, na actualidade, o senhorio dos antigos cavaleiros fidalgos que, ao longo de mais de dois séculos, cimentaram os fundamentos da Arte de Marialva. Desde a sua forma de montar a cavalo até aos mais ínfimos pormenores que exibe em praça, na forma de vestir, de citar, de consentir o toiro ao estribo e de rematar as sortes, António em tudo segue os ditames clássicos que tornam a Arte de Marialva única no mundo do toureio a cavalo. José António Morante de la Puebla chega ao Campo Pequeno aureolado por triunfos indiscutíveis em Madrid (Triunfador da feira e autor da melhor faena) e Granada, encontrando-se contratado, também nesta temporada, para as mais importantes feiras de Espanha e França. Álvaro Acevedo, nos Cuadernos de Tauromaquia escreveu, a propósito de Morante de la Puebla: “?a festa terá que agradecer-lhe várias coisas quando a perspectiva histórica o permitir. Por um lado, a continuidade do estilo sevilhano no século XXI e, por outro o resgate de sortes já desaparecidas. Trata-se, portanto de um conteúdo valiosíssimo para o toureio dos nossos dias?”. O Grupo de Forcados Amadores de Santarém é o grupo mais antigo de Portugal e foi o precursor do modelo amador nos Grupos de Forcados. Foi com a criação e perpetuação do modelo amador, que a pega se guindou à categoria de sorte do toureio, merecedora de estilização e codificação, pelo estabelecimento de regras precisas quanto à forma de pegar, à farda dos forcados, aos terrenos, às vantagens ao toiro, ao cite, recuo e reunião, que concretizam esta portuguesíssima arte, que é apreciada e respeitada em qualquer parte do mundo. A ganadaria Ortigão Costa foi fundada no final da década de sessenta, através da compra do efectivo e ferro de maria Cruz Gomendio, procedente de Félix Suarez (Duque de Tovar) com sementais de Juan Guardiola, sendo posteriormente introduzidos sementais de Oliveiras Irmãos e Murteira Grave. O efectivo actual é constituído a partir de vacas e sementais de El Torreón, eliminadas que foram todas as anteriores precedências. O seu encaste actual é Parladé (Domecq).
Ápis
Os egípcios adoravam o boi, sob a denominação de deus Apis, e a riqueza de que o cercavam era enorme e muito pomposas as cerimónias em que ele figurava.
A deusa egípcia Isis e a divindade grega Io eram representadas com hastes de bois, na cabeça.
Nas imolações oferecidas aos deuses, figuravam muitas vezes os bois.
Os egípcios, para se preservarem dos malefícios do génio Thyphon, sacrificavam bois avermelhados.
Alguns povos antigos efectuavam, no dia 25 de Dezembro, a festa do Sol, representado pelo boi.
Segundo a mitologia indiana, a vaca foi o primeiro ser criado pelas três divindades que receberam, do ente supremo, o encargo de povoar a terra; e o boi Nanda é, como o S. Pedro da crença católica, o porteiro do céu.
Os sacerdotes indús tinham o boi como coisa pura e atribuíam à bosta propriedades purificadoras; os fanáticos, como preceito religioso, besuntavam o rosto com o estravo daquele animal.
Os povos antigos, ao contrário dos povos civilizados de hoje, apelidavam de bois os indivíduos que queriam lisonjear.
Não só os preceitos religiosos mas também os civis protegiam o boi.
Plínio e Columela dizem, nos seus escritos, que era considerado crime grave matar um boi, excepto nos sacrifícios religiosos.
No Egipto, nem para os sacrifícios religiosos era licito matar bois que já tivessem trabalhado. Ainda actualmente, na ilha de Chipre, os lavradores consideram hediondo comer os bois que lhes prestaram serviços.
Em várias épocas e em diversas populações, estes animais têm merecido os maiores cuidados e gozado de privilégios.
José Miranda do Vale, Gado Bissulco, 1949
Porque a Fotografia também é uma arte...
Foto de Juan Armendáriz Perdiguero in http://www.toroslidia.com/modules/xcgal/displayimage.php?pid=38&album=10&pos=3
Para mim é importantíssimo que um cavalo de toiros saiba fazer ares de escola, principalmente passage, piaffer e passo espanhol, porque além de embelezar a lide e entusiasmar o público, servem para o cavalo descontrair e não pensar no toiro. O toureiro também aproveita este tempo para pensar o que vai fazer a seguir, porque mal dos toureiros que não pensam!!! Preocupo-me também em estar bem “vestido de toureiro” e em ter os cavalos bem apresentados, bem aparelhados.
António Ribeiro Telles, 25 Anos de Alternativa, Fotobiografia
Tourear de frente é não perder a cara ao toiro.
David Ribeiro Telles citando Simão da Veiga
Apesar do mau tempo a tradição cumpriu-se!
"Já nos mais antigas e carcomidos alfarrábios guardados de há séculos na poeira dos arquivos fradescos ou camarários, se fala na corrida de toiros de Ponte de Lima, e perde-se na bruma imemorial dos mais arrecuados tempos a tradição lendária da Vaca das Cordas, que ainda hoje se realiza na linda vila do Lima, em vésperas de "Corpus Christi" .
Apesar da chuva que caiu durante todo o dia, a tradição cumpriu-se uma vez mais e a “vaca” saiu às ruas de Ponte de Lima, para satisfação dos habitantes e dos muitos turístas que todos os anos se deslocam à castiça vila Minhota.
Por volta das 18h00 da véspera do Corpo de Deus, sai às ruas de Ponte de Lima uma vaca preta (na realidade um novilhos), conduzida com o auxílio de cordas. Tradicionalmente eram ministros da função (os os condutores da vaca) os moleiros do concelho, hoje substituídos por aficionados sem distinção. O animal sai da Casa do Conde D'Aurora sendo conduzido pelas ruas da vila até à Igreja Matriz, onde é preso às grades da janela e regado com vinho tinto e à qual tem que dar três voltas antes de ser levado para o areal onde decorre a verdadeira festa entre cites, tranbolhões e muitas nódoas negras. No final da tarde o animal é levado de volta ao local de onde saiu e a festa prolonga-se pela noite dentro, entre copos, concertinas e muita animação.
Conde D’Aurora, 1959