A paixão pela Tauromaquia de Júlio Pomar
Por: Fernando Baptista - 8 de Maio de 2008
Aficionado pela tauromaquia, Júlio Pomar assistiu a muitas corridas de toiros em criança, acompanhado pelo pai. Talvez por isso o pintor português tenha feito tantos quadros que reflectem a paixão por esta tradição cultural.
À medida que foi crescendo deixou de frequentar as praças de toiros. Um dia, por acaso - já casado e com filhos – passou em frente ao Campo Pequeno, em Lisboa, e decidiu entrar. A partir dessa altura garante ter reencontrado muitas das recordações de criança e passou a ir vê-las mais vezes ao vivo.
Para Júlio Pomar uma corrida de toiros é a representação de um ritual. Um ritual de morte. Por isso, elege a corrida à espanhola, em que o toiro é morto na arena à frente do público, como a sua preferida.
Segundo explicou ao semanário “O Mirante”, é nas praças espanholas que se reproduz na perfeição esse ritual. “Em Portugal matamos o toiro às escondidas o que desvirtua o espectáculo”, diz, defendendo ainda que este tipo de tradições bastante enraizadas culturalmente devem ser preservadas.
Júlio Pomar nasceu em 1926, em Lisboa, e instalou-se em Paris em 1963. Actualmente vive e trabalha em Paris e Lisboa. Frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio e as Escolas de Belas-Artes de Lisboa e Porto, tendo participado em 1942 numa primeira mostra de grupo, em Lisboa, e realizado a primeira exposição individual em 1947, no Porto.
Começou por ser influenciada pela obra de grandes muralistas mexicanos, como Orozco ou Rivera, mas não tardou a absorver culturas distintas.
Foi o principal cultor do Neo-Realismo na pintura portuguesa, de 1945 a 1957, seguindo por outros caminhos, em épocas posteriores. A sua obra mais famosa da fase neo-realista é, justamente, O Almoço do Trolha (1946-1950).
Dedica-se especialmente à pintura, mas o seu trabalho inclui também obras de desenho, gravura, escultura e “assemblage”, ilustração, cerâmica, tapeçaria e cenografia para teatro.
Ilustrou o livro “Ofício dos Touros”, de António Osório.
Realizou, igualmente, obras de decoração mural em azulejo para a Estação Alto dos Moinhos do Metropolitano de Lisboa (1983-84), o Circo de Brasília (Gran’Circolar- 1987), a Estação Jardin Botanique, do Metropolitano de Bruxelas (1992), o Tribunal da Moita (“Justiça de Salomão”-1993) e a estação de comboios de Corroios (1998).
(Fonte: Semanário O Mirante – 30Abr08)
Retirado de Toureio.com em 15/11/2009