Campo Pequeno, 2.VIII.2012
Corrida de Homenagem ao emigrante
Mais do que os rituais, a emoção, o perigo e a coragem de o enfrentar, são as atitudes dos homens que a interpretam que tornam a Festa um espectáculo único.
Joaquim Penetra, mais de trinta anos de forcado, avança para o toiro como se tivesse a idade do filho que na bancada sofre por ele, com a irreverência da juventude e a maturidade trazida pelos anos e pelos toiros. Sofre um derrote, depois outro, os braços já não acompanham o coração e a pega não se concretiza. Lev anta-se e torna a cair para ser colhido pelo toiros que, levando tudo à frente, atinge-lhe o braço deslocando o ombro. Levanta-se o forcado enquanto o homem cai. Vence o primeiro e só com um braço avança de novo para o toiro para de novo ser vencido. Mas a garra é muita, forjada em tardes de sol e dezenas de toiros pegados. De novo o forcado cumpre o dever que a honra da jaqueta que enverga lhe impõe. Concretiza a pega, a última. Cumpriu.
O forcado venceu a dor, a fraqueza, a idade, venceu o corpo e venceu o toiro. Pegou-o pela honra de o pegar. Sai em ombros, levado pelos seus, sem jaqueta, despida pelo filho que antes sofria enquanto assistia à maior lição de garra e honra que um homem pode dar. Teve a honra de a ver e o orgulho de ter sido dada pelo seu pai.
A praça aplaude o homem sem jaqueta que será forcado até À morte. Um português de Portugal que honrou o nome, o grupo, a tradição e com ela o país. Da maneira mais nobre, da forma mais simples.
Pedro Santos Vaz
02.VIII.2012